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Refeno mais uma vez!

Cá estamos de volta em Salvador, meio sem tempo, pois temos a regata Aratú-Maragogipe, depois o Rally Náutico que vai de Salvador à Recife, a Refeno e a regata Noronha-Natal, tudo em 40 dias! E no intervalo antes do Rally ainda vamos à Curitiba!
Mas as coisas vão acontecendo naturalmente. A regata para Maragogipe é do tipo que baiano gosta: vento de popa... Inclusive no trecho sinuoso do rio Paraguassú, pois o vento fica encanado pelos barrancos das margens. Festa na cidade, retorno ao barco com chuva e numa canoa de um pau só, pois o bote ficou dobrado no barco. Depois uma noite em Itaparica e voltamos para o Cenab para deixar o barco e ir para Curitiba.
Voltamos dez dias depois, pois pretendia sair para Recife assim que a previsão meteorológica fosse favorável, mesmo que fosse antes do Rally. Mas o tempo não ajudou e acabamos saindo com o Rally, já premidos pelo tempo, pois saimos dia 12 e a Refeno era dia 20. E de Salvador à Recife são tres dias...O Rodrigo, de Recife, e um amigo dele foram junto e a viagem transcorreu sem nenhum problema. O Cabanga já estava cheio de barcos quando chegamos e ficamos a contrabordo de um 30 pés e logo mais dois barcos ficaram no nosso contrabordo, formando uma jangada.

A largada da Refeno foi como no ano passado, defronte o Marco Zero, com os barcos largando em grupos de 15 a 20. O vento estava melhor que no ano anterior, de 20 a 25 nós pelo través. durante a segunda noite levamos um susto: água entrando pelo armário de boreste! Desci correndo atendendo a Cris e vi que a água entrava por baixo da cama de proa. Seguindo o rastro da água cheguei no bico de proa, onde via a água descer. A única alternativa era a água estar entrando pela caixa de âncora. Lá fui eu para a proa, devidamente amarrado com o cinto de segurança. As ondas lavavam o convés e tinha de ir com cuidado. Quando abri o paiol de âncora o mesmo estava cheio d'água. Motivo: uma luva de tecido que sempre deixava alí para manobrar a corrente tinha entupido o esgoto da caixa de âncora, ela encheu e entrava no barco por uma abertura no nível co convés.
Assunto resolvido, tripulação mais calma, vamos em frente. Chegamos em Noronha com o tempo de 7 horas a menos que no ano anterior.

Noronha continua linda e cara... Ficamos uma semana e depois partimos para Natal, uma velejada de 32 horas.

Tempo de decisão

Natal é uma encruzilhada para os velejadores, local para se resolver o que fazer da vida. Se seguir para o norte, não tem volta, corrente e vento empurrando para Fortaleza e Caribe. Se seguir para o sul, passa-se um pouco de trabalho até Cabedelo mas depois é morro abaixo até Angra.
No ano passado voltei para o sul pois não me achava pronto para ir ao Caribe, mas agora com o compromisso da Cris em me acompanhar, me senti mais encorajado, pois velejador solitário não é comigo. Vamos lá!

Fortaleza

A travessia de Natal até Fortaleza, 250 MN, é bem tranqüila, levamos 37 horas numa média de 6,8 Kts. Velejar nos Alísios é uma experiência única: vento constante, morno, 24 horas por dia entre 18 e 25 kts. O único incidente foi uma rede que quebrou o pêndulo de leme de vento e tivemos de seguir com o piloto automático. O Jairo do veleiro Áquilla estava conosco e deve ir até o Caribe, de modo que os turnos eram de 2 por duas horas, meio cansativo. Durante o dia a Cris deverá começar a fazer turnos então deverá melhorar.
Aqui em Fortaleza ficamos no Marina Park Hotel, que tem instalações hoteleiras muito boas mas uma marina fraquinha, só compensada pelo excelente atendimento prestado pelo gerente, o Armando. Estamos fazendo as compras para a travessia até Tobago, reparando algumas coisas no barco, limpeza do casco, etc.

Travessia Fortaleza-Tobago

Dia 23 de novembro saímos para o que seria a nossa maior travessia sem escalas: 1650 milhas de Fortaleza à Tobago, de 10 a 12 dias pelas minhas contas... Fiz uma rota que nos levaria para o norte, para cruzar o Equador próximo à longitude 40W e depois uma linha reta até Tobago. Durante a noite saímos da plataforma continental próximos à duas plataformas de petróleo e uma infinidade de barcos de pesca. Seria o último contato visual com qualquer sinal de civilização por vários dias!


No começo da manhã passamos o Equador: festa à bordo, brinde com refrigerante!

Os dois ou três primeiros dias foram cansativos: mar alto, turnos de duas por duas horas, mal estar, enjôo, come-se mal, etc etc. Mas no quarto as coisas melhoraram: tínhamos apetite, dormíamos bem, o vento estava firme e o tempo bom. Pelo sexto dia entramos na ZCIT, Zona de Convergência Inter Tropical, com ventos muito variáveis (em intensidade), chuva, calmarias. Foi assim durante três ou quatro dias. Neste período motoramos um total de 30 horas para não ficar boiando com as velas batendo. Estávamos fazendo uma média de 155 milhas por dia o que significava fazer a travessia em 11 dias.

Um dia antes de chegarmos o tempo ficou muito carregado, com chuvas e ventos fortes. Íamos chegar pela manhã mas durante a noite o vento se manteve mais forte, força 7 a 8, chegando a 38 nós, o que fez com que nos adiantássemos e mesmo com a grande toda rizada e a genoa enrolada pela metade ainda avançávamos a 7 nós. O pior é que com a chuva que caia a nossa visibilidade era zero. Quando faltava apenas 12 milhas para chegarmos ainda estava escuro e chovia uma enormidade. O Sol só nasceria em uma hora, então desviei o curso 30 graus para bombordo disposto a passar ao largo de Tobago e ir para Trinidad pois não havia a menor chance de entrar num porto desconhecido naquelas condições. Felizmente a chuva passou junto com o nascer do Sol e pudemos voltar ao nosso curso original e entrar no porto de Scarborough, Tobago, as 7 da manhã.

Era o dia 4 de dezembro de 2003. Tínhamos chegado ao Caribe!!!
 

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