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Cá estamos de volta em Salvador, meio sem tempo, pois temos a regata
Aratú-Maragogipe, depois o Rally Náutico que vai de Salvador à Recife, a Refeno
e a regata Noronha-Natal, tudo em 40 dias! E no intervalo antes do Rally ainda
vamos à Curitiba! Noronha continua linda e cara... Ficamos uma semana e depois partimos para Natal, uma velejada de 32 horas. Tempo de decisão
Natal é uma encruzilhada para os velejadores, local para se resolver o que fazer
da vida. Se seguir para o norte, não tem volta, corrente e vento empurrando para
Fortaleza e Caribe. Se seguir para o sul, passa-se um pouco de trabalho até
Cabedelo mas depois é morro abaixo até Angra. Fortaleza
A travessia de Natal até Fortaleza, 250 MN, é bem tranqüila, levamos 37 horas
numa média de 6,8 Kts. Velejar nos Alísios é uma experiência única: vento
constante, morno, 24 horas por dia entre 18 e 25 kts. O único incidente foi uma
rede que quebrou o pêndulo de leme de vento e tivemos de seguir com o piloto
automático. O Jairo do veleiro Áquilla estava conosco e deve ir até o Caribe, de
modo que os turnos eram de 2 por duas horas, meio cansativo. Durante o dia a
Cris deverá começar a fazer turnos então deverá melhorar. Travessia Fortaleza-Tobago
Dia 23 de novembro saímos para o que seria a nossa maior travessia sem escalas:
1650 milhas de Fortaleza à Tobago, de 10 a 12 dias pelas minhas contas... Fiz uma rota que nos levaria para o norte,
para cruzar o Equador próximo à longitude 40W e depois uma linha reta até
Tobago. Durante a noite saímos da plataforma continental próximos à duas
plataformas de petróleo e uma infinidade de barcos de pesca. Seria o último
contato visual com qualquer sinal de civilização por vários dias!
Os dois ou três primeiros dias foram cansativos: mar alto, turnos de duas por duas horas, mal estar, enjôo, come-se mal, etc etc. Mas no quarto as coisas melhoraram: tínhamos apetite, dormíamos bem, o vento estava firme e o tempo bom. Pelo sexto dia entramos na ZCIT, Zona de Convergência Inter Tropical, com ventos muito variáveis (em intensidade), chuva, calmarias. Foi assim durante três ou quatro dias. Neste período motoramos um total de 30 horas para não ficar boiando com as velas batendo. Estávamos fazendo uma média de 155 milhas por dia o que significava fazer a travessia em 11 dias. Um dia antes de chegarmos o tempo ficou muito carregado, com chuvas e ventos fortes. Íamos chegar pela manhã mas durante a noite o vento se manteve mais forte, força 7 a 8, chegando a 38 nós, o que fez com que nos adiantássemos e mesmo com a grande toda rizada e a genoa enrolada pela metade ainda avançávamos a 7 nós. O pior é que com a chuva que caia a nossa visibilidade era zero. Quando faltava apenas 12 milhas para chegarmos ainda estava escuro e chovia uma enormidade. O Sol só nasceria em uma hora, então desviei o curso 30 graus para bombordo disposto a passar ao largo de Tobago e ir para Trinidad pois não havia a menor chance de entrar num porto desconhecido naquelas condições. Felizmente a chuva passou junto com o nascer do Sol e pudemos voltar ao nosso curso original e entrar no porto de Scarborough, Tobago, as 7 da manhã.
Era o dia 4 de dezembro de 2003. Tínhamos chegado ao Caribe!!! |