A cada dois anos acontece o
Cruzeiro Costa Leste, que na edição de 2006 incorporou o Cruzeiro da Amizade,
que vem da Argentina. Ele parte do Rio de Janeiro e vai até Salvador, num
percurso de cerca de 800 milhas e aproximadamente trinta dias de duração.
Na edição de 2006 tive de abortar minha participação devido à cirurgia que fiz
na coluna, mas desta vez estava disposto a participar.
Saímos de Angra dos Reis no dia 14 de julho: eu, meu filho Tininho, o Sérgio do
Veleiro Fandango e o filho
dele, Jonas. Todos com experiência de navegação, o que sempre é bom
pois a pior coisa num barco é ter na tripulação alguém que, além de não ajudar,
atrapalha!
A
primeira parada foi o Iate Clube do Rio de Janeiro, de onde partiria o Cruzeiro
dia 19, sábado.
O IC do RJ manteve a tradição de bom acolhimento e foram dias muito prazerosos
lá, apesar de o píer de concreto ser meio desconfortável, pois o barco fica no
través das ondas.
A festa de despedida foi no Pink Fleet, um mini navio que fica atracado na
Marina da Glória e que faz eventos e passeios pela baía da Guanabara. Um buffet
exelente!
Depois disto teve a partida,
que ocorreu em frente ao Iate Clube e onde nos preparamos devidamente como
"Lobos do Mar"...
Dia 19, sabado a noite, partimos com direção à próxima escala, Búzios. Só
pegamos vento depois de virar o Cabo Frio e chegamos em Búzios sem problemas. A
estada em Búzios foi também muito agradável, foram instaladas poitas para os
barcos embora alguns arrastaram as mesmas durante um vento mais forte.
Aproveitamos para fazer uns passeios de buggy nas praias próximas, que eu não
conhecia. Na quinta o Tininho teve de embarcar de volta para Curitiba pois iriam
começar as aulas e ficamos em três a bordo.
Búzios:
A subida para Vitória atrasou um pouco pois o vento não virava para SW ou S, mas quando virou
ajudou até demais!`Depois que montamos o Cabo de São Tomé e vento e o mar
subiram bastante e fomos só com a grande rizada e depois só com a genoa
meio enrolada, mesmo assim andávamos muito!
Vitória continua muito legal,
o Iate está construindo um novo Pier que foi, é claro, embargado pelos
barbudinhos de uma das ramificações da quadrilha do PT. Ficamos então ancorados
entre o pier antigo e a Praia do Canto. Ficou bom, mas é muito raso e então
largamos duas ancoras com um angulo de quase 180 graus para que o barco girasse
pouco. Uma coisa que incomoda em Vitória é o pó de ferro do minério que é
embarcado no Porto de Tubarão e que deixa tudo preto a bordo. Depois de uma
espera maior que o previsto, mas compensada por uma formidável paeja oferecida
pelo Iate Clube, zarpamos
rumo a Abrolhos.
Paeja em Vitória
Mar mexido, mas menos que a
perna Cabo de S. Tomé-Vitória, e chegamos em Abrolhos no amanhecer. Lá teve um
churrasco, visita ao farol, mergulho etc etc... Só o que pegou foram as minhas
costas, de novo. Tive de entrar na medicação e atrasei um dia a saída
de Abrolhos para Ilhéus. Mas com o problema das costas resolvi mudar o destino e fui para Porto
Seguro, primeiro para comprar mais Voltaren injetável, pois não tinha mais a
bordo, e depois para conhecer a nova marina que fica junto ao Hotel Quinta do
Porto. Sábia decisão, lugar muito legal como dá para ver nas fotos abaixo, mas
uma barra complicada, onde tive de pedir ajuda a um prático local para entrar.
Hotel e Marina Quinta do
Porto, Porto Seguro
Depois seguimos para Ilhéus, onde reencontramos o pessoal do
Cruzeiro. Ficamos apenas dois dias e rumamos para Camamú, numa navegada
tranqüila. Camamú é um lugar difícil de deixar... A gente vai ficando,
ficando... Fizemos um passeio de botinho até a ilha da Pedra Furada, umas duas
milhas da ancoragem. Lugar muito interessante, com formações rochosas meio
"lunares".
Ilha da Pedra Furada
Fomos também conhecer Cajaíba,
uma vila que vive da construção artesanal de escunas, dos mais variados
tamanhos. Coisa muito interessante de se ver!
Construção artesanal de escunas
Somente a contragosto deixamos Camamú com destino ao porto
final do Cruzeiro, Salvador.
Atenção, leia o relato do Jonas, filho do Sérgio, super
tripulante que participou ativamente deste Cruzeiro! Clique
aqui!
Gostaria de deixar registrado aqui algumas considerações sobre o Cruzeiro Costa
Leste: em primeiro lugar não é fácil organizar um evento destes, foram 50
veleiros, mais de 200 tripulantes. Imagino o trabalho que deve ter dado! As
recepções nos portos de escala foram sempre ótimas, em especial a de Vitória.
Uma coisa que atrapalha é o calendário, principalmente se for feito em função de
compromissos com patrocinadores, até porque as inscrições não foram gratuitas,
foram até bem salgadas... Um cruzeiro destes não pode ter datas fixas
para sair ou chegar.
Também acho que a flotilha não deve ser dividida, como
aconteceu com alguns barcos indo para Santo André e outros para Ilhéus pois quebra a unidade do grupo.
E deveria ter uma penalização para quem não respondesse às chamadas
programadas pelo VHF (que deixou de ser feita após a divisão da flotilha) ou
zarpassem antes ou depois do grupo.
Por outro lado, para quem nunca tinha feito uma travessia, este cruzeiro é uma excelente
oportunidade de fazer navegação oceânica pela primeira vez com o seu barco, como teve vários casos.
Uma coisa é ir como tripulante, outra muito diferente é ir como comandante do
próprio barco, a visão é completamente diferente.
De qualquer modo o sucesso foi inquestionável e estão de parabéns a ABVC, o
Janjão e todos os que participaram direta ou indiretamente deste evento.
E o Redboy vai entrar em reforma, no Guarujá: pintura do
casco, verniz interno e externo e refazer o estofamento. Vai ficar um brinco!!!