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Enquanto o mastro não vem...

Depois de muita medição e consultas aos conhecidos do Brasil, finalmente conseguimos encomendar o novo mastro. A maior dificuldade foi o fato de não termos a especificação original do mastro, com dimensões, altura dos engates dos estais, etc. Pedimos orçamento em dois fornecedores mas apenas um nos atendeu, a Trinidad Rigging. Passamos as festas de fim de ano por aqui, já com saudades do Brasil. Colocado o pedido do mastro, colocamos o barco em seco em janeiro de 2004 e fomos para o Brasil, pois o prazo de entrega era de aprox. 2 meses. A viagem foi via Venezuela, com uma espera no aeroporto de Caracas de 8 horas pela conexão, um saco!
No Brasil os dois meses passaram rápido, apesar de não termos feito nada de especial, a não ser matar a vontade de ir num bom restaurante, depois em outro, depois em mais um... Fomos à Paranaguá dar uma volta de veleiro com o Fernando e a Silmara, fizemos um curso intensivo de inglês, um check-up médico e outras coisinhas mais. Acabei ganhando uns bons 5 quilos e a Cris também ganhou peso, apesar dela negar veementemente. Finalmente dia 17 de março embarcamos de volta, também via Venezuela. O vôo da Varig chega em Caracas à noite e a conexão para Trinidad é só no dia seguinte, então tivemos que arranjar um hotel para passar apenas 8 horas. Acabou me custando US$ 200, uma sangria no bolso...
O pessoal fala muito que as coisas na Venezuela são baratas mas acontece o seguinte: uma passagem Caracas-Curitiba, por exemplo, custa  US$ 1.000, ida e frida. As passagens são vendidas em dólar com cotação pelo câmbio oficial, onde um dólar vale 2.000 Bolívares (março/2004). Portanto 1.000 dólares que é o preço da passagem Caracas-Curitiba é o equivalente a 2.000.000 de bolívares. Mas se você tiver dólar em dinheiro (não cheque de viagem ou cartão), pode trocar no câmbio paralelo, onde um dólar vale 3.000 bolívares (março/2004). Então a mesma passagem pode ser comprada por 667 dólares trocados no cambio paralelo e paga em Bolívares. Isto vale para todas as outras coisas, ou seja, é "barato" apenas se você trocar dólar no paralelo e comprar as coisas em Bolívares, deu pra entender? Como ainda não sabíamos disto pagamos com cartão de crédito... Mas pelo menos o hotel era 5 estrelas. Foi o café da manhã mais caro que já tomei!
Chegamos em Trinidad e estava tudo OK com o barco, apenas muito empoeirado mas nada que um bom banho não desse jeito. O mastro demorou ainda uma semana para chegar.

O novo mastro


Detalhes da colocação (clique para ampliar)

Finalmente chegou, assim como os complementos: retranca, enrolador da genoa, estais etc. A retranca tem um sistema de rizo com cabo único muito interessante, dá para rizar sem sair do cokpit. Ainda levaria 10 dias para montar tudo, então acompanhamos o trabalho durante a semana e  aproveitamos o final de semana para alugar um carro e ir conhecer a ilha, coisa que ainda não tínhamos feito. A primeira coisa a fazer é se adaptar à mão inglesa. É muito esquisito dirigir pela esquerda com a direção do lado direito, cada fez que ia dar seta à esquerda ligava o limpador de pára-brisa, pois as alavancas também são invertidas... Primeiro fomos às praias da costa Norte, as mais comentadas. Maracas Bay e Las Cuevas Bay. Muito bonitas, principalmente Las Cuevas onda o mar cavou umas cavernas nas falésias. Também é mais protegida do vento e o mar mais calmo.

No outro final de semana fomos fazer uma volta pelo sul da ilha. Quase 300 km de carro, ficamos com a bunda quadrada. Primeiro fomos visitar uns santuários indianos com uns deuses muito esquisitos. Depois um dos únicos três lagos de piche (ou asfalto) do mundo. Tem lugar certo para estacionar o carro, senão quando você volta ele afundou no piche! Se você ficar parado em determinados lugares você vai afundando! Depois fomos visitar um lugar que tem pequenos vulcões de lama. É como um vulcão em miniatura, onde em vez de lava escorre lama. Muito interessante.


 
Vista do interior de um templo indiano, lago de piche (clique para ampliar)


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