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O Caribe

Finalmente tínhamos chegado. Arrumamos as coisa a bordo, enchemos o bote e fomos à terra. Scarborough é a capital de Tobago e tínhamos que ir primeiro na imigração e depois na alfândega. Aí começou a tortura do inglês, língua local. Como nenhum de nós três fala inglês fluente, o negocio foi apelar para a mímica. Finalmente fizemos a papelada e fomos tentar telefonar para o Brasil. A muito custo descobrimos que precisava comprar um cartão especial para ligações interurbanas e internacionais e digitar códigos intermináveis. Mesmo assim não conseguíamos. Digitávamos o 0800 da operadora, depois o código do cartão e finalmente o numero do Brasil começando com 55, código do Brasil. Não funcionava, então tentamos 055, 0055 e nada. Depois de muitas tentativas descobrimos que precisava discar 011 antes do 55. Aí funcionou, mas a ligação custava 35 dolares TT (uns 16 Reais) por 3 minutos.

A moeda aqui é o Dólar TT, que vale seis vezes menos que o americano e metade do Real. Ou seja, para converter TT dólar para Real, dividíamos o valor por dois. O tráfego é pela esquerda, o que tornava perigoso atravessar as ruas pois sempre olhávamos para o lado contrário...
De modo geral a cidade é muito feia. Suja, sem calçadas, ruas estreitas, muita gente sem fazer nada pelas ruas, sempre com uma garrafinha de cerveja na mão (TT$ 8,00!). Os supermercados são na realidade mercadinhos. Não vendem produtos frescos, nem pão, nem frios. Carne nem pensar. Frutas e verduras são vendidas em tendas nas ruas. Um saquinho com seis tomatinhos custa TT$ 10,00. A população é basicamente negra, com as roupas mais esquisitas: o uniforme escolar parece ter saído do século XIX, saia comprida, com uns babados nas golas....

E tome chuva! Ficamos no lugar reservados aos veleiros, num cantinho do porto, ancorados. Na segunda noite, num dos vários temporais, garramos e fomos parar a alguns metros do pier de concreto. Depois tivemos que sair do lugar para a chegada de uma chata que traz areia para construção. Talvez por isto não haja prédios por aqui, o material tem que vir todo de fora. Queríamos ir para o lado de sotavento da ilha, que pelas fotos que tínhamos se parecia mais com o Caribe que esperávamos, mas com o tempo ruim não me animava a sair do porto.

Finalmente sabado erguemos as velas e saímos com destino à Store Bay, no lado sudoeste da ilha. Seria uma velejada tranquila, 9 milhas, menos de duas horas.

Seria...

Tínhamos velejado uma milha com a grande no primeiro rizo e genoa 135% contra um vento de uns 18 nós e ondas de 1,5 metros quando ouvimos um estouro e o mastro simplesmente desabou. Olhei para cima sem acreditar no que via. O Jairo disse o óbvio: Quebrou o mastro!!!

Tinham estourados os dois estais de 8 mm de bombordo, que não tinham sido exigidos até aqui pois nos últimos meses navegamos sempre amurados por boreste, exceto Noronha-Natal. O mastro quebrou logo abaixo da primeira cruzeta, acima do estai de 10 mm. De qualquer modo, antes de pensar porque aconteceu, tínhamos que resolver o que fazer. Recolhemos os cabos que estavam na água para poder ligar o motor sem o perigo de prender no hélice. A genoa estava na água mas era impossível recolhê-la. Voltamos para o porto devagarzinho pois o mastro batia na lateral do casco. Quando chegamos em águas mais abrigadas começamos a operação separação do mastro do barco.

Cortamos a genoa na testa para livrar o enrolador, cortamos os cabos elétricos e adriças na parte quebrada do mastro, recolhemos a grande, a genoa e o enrolador e finalmente cortamos os cabos que ainda prendiam o mastro e este foi ao fundo. Esta operação demorou horas e estávamos exaustos. Domingo continuou a faina. Enrolar os cabos salvos, dobrar as velas, limpar o convés. Segunda fui à cidade comunicar o acontecido à Generalli seguros e fazer nossa saida pois iríamos para Trinidad. Mas antes vamos passar em Store Bay. Fomos a motor, óbvio, e o lugar me pareceu muito agradável. Tem um grande recife de corais que é um parque nacional, água limpa e abrigada.

Saimos às 23 horas com destino à Chaguaramas, Trinidad. Chegamos as 8 horas. Muitos veleiros, centenas! Praticamente todos em terra, se preparando para a temporada que se inicia em dezembro e vai até junho.Fomos na imigração e alfândega. Lá encontramos a Rosália, brasileira que nos deu as boas vindas e dicas do lugar. Seguindo estas dicas ficamos na marina Power Boats, que apesar do nome tem dezenas de veleiros. No mesmo dia entramos em contato com os fornecedores e estamos no aguardo dos orçamentos do novo mastro para enviá-los à seguradora Generalli. Como um novo mastro deve demorar uns 2 ou 3 meses para chegar, assim que colocarmos o pedido pretendemos ir para o Brasil e voltar quando o mastro chegar aqui para acompanhar a montagem. A temporada deste ano no Caribe ficou comprometida, mas vamos adaptar os nossos planos às circunstâncias. Poderemos passar três meses nas Granadinas e depois, durante a temporada dos furacões, explorar a costa da Venezuela: Islas Margaritas, La Tortuga, Bonaire, Curaçao, Aruba... Vamos aguardar os acontecimentos!

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