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Salvador, 2 de setembro de 2002.

Travessia Rio-Vitória:

Saimos dia 1/8 do Rio, depois de uma semana de espera por vento favorável. Entrou um SW fraco mas pelo menos não era contra... Saímos as 10 da manhã, a motor até a saida da barra e depois vela até a noite, quando o vento ficou muito fraco e começamos a motorar novamente. Na nossa frente tinha saído o Yahgan mas não tínhamos contato visual, apenas por rádio. A idéia era fazermos o percurso o mais rápido possível pois a previsão de vento favorável era só para dois dias. O problema era que não tinha diesel suficiente para fazer todo o trajeto a motor, então tinha que velejar mesmo com velocidades de 4 nós.
Nem vimos o temido Cabo de S. Tomé, o vento estava fraco, o mar calmo e a pescaria boa! Olha ai do lado o tamanho do atum! (Clique na foto para aumentar - não o peixe, a foto!) Chegamos em Vitória as nove da manhã, 47 horas depois de saírmos do Rio. A estratégia de usar motor sempre que possível foi acertada pois 2 horas antes de Vitória começou a soprar um NE que duraria 12 dias... Em compensação chegamos com 5 litros de diesel no tanque (embora eu tivesse mais 20 de reserva...).

Travessia Vitória-Abrolhos-Ilhéus:

Depois de 12 dias de espera em Vitória, que aliás foi muito boa, a cidade é ótima e o clube muito bom, apenas o píer deixa a desejar, saimos para Abrolhos. Foram 4 barcos: o Redboy, o Yahgan, o Vadyo e um barco argentino, o Cenizo. Vento leste, rondando de vez em quando, o que nos obrigava a motorar por algum tempo. Abrimos uma boa distância dos outros barcos pois o Redboy estava andando muito bem quando o vento era de través. Tivemos até de ficar em capa a 2 milhas de Abrolhos para esperar o dia nascer. 
Abrolhos vale uma visita mais prolongada do que a que fizemos... Nunca vi tantos peixes grandes, mais de 10 quilos, passando do lado da gente. Fantástico.
Passamos a noite em uma das poitas instaladas no arquipélago para que os barcos de turismo não danificassem os corais com as âncoras e saimos no amanhecer. 
Então fomos apresentados ao Pirajá: uma nuvem de chuva, sem relâmpagos ou trovões, as vezes até sem chuva, mas que vem acompanhada por um aumento enorme na intensidade do vento. Passa de 12-14 nós para mais de 25, chegando a mais de 35! Dura 10 a 15 minutos na maioria das vezes, mas pegamos um que durou 50 minutos com vento acima de 25 nós. No primeiro estávamos com a grande rizada, mas a genôa toda aberta. Erro fatal: quando o vento entrou não conseguíamos enrolar a genôa e ela de tanto bater puxou a escota de barlavento que se enrolou na de sotavento, um caos! Eu e o Isaul lutamos por 30 minutos enquanto a Cris, no leme, rezava... Tivemos de enrolar a genoa usando a catraca 55 do lado de barlavento. Mas aprendemos, no primeiro sinal de Pirajá enrolávamos metade da genoa. A grande nem tiramos mais do segundo rizo...

Travessia Ilhéus-Salvador:

A Cris desembarcou em Ilhéus pois estava sem tempo e ficamos lá eu e o Isaul, esperando o mar baixar pois tínhamos chegado lá com ondas de 3 a 4 metros. Foi uma semana de espera desconfortável, pois apesar de o Clube ser bom e nos receber super bem, o local é muito aberto, com as vagas entrando pela lateral do barco, fazendo-o balançar lateralmente dia e noite!
Finalmente iniciamos a travessia para Salvador que acabou se revelando bem tranqüila apesar dos Pirajás que apareciam dia e noite. Aliás o maior problema é à noite pois não vemos o danado se aproximar. De dia dá até para desviar de alguns...
Chegamos em Salvador 24 dias depois de sair do Rio. Depois de Abrolhos praticamente não usamos mais o motor pois o vento soprava dia e noite da mesma direção, E/SE e com intensidade acima de 12 nós. Uma senhora velejada, com uma média geral de 6 nós o que considero ótima considerando que estivemos com a grande no segundo rizo durante praticamente todo o tempo!


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